sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Vai mas volta


A necessidade de reciclar eletrônicos e eletrodomésticos está criando um novo mercado no país, formado por empresas de engenharia reversa, que redirecionam para outras indústrias os componentes dos produtos que reciclam

Silvana Mautone. Colaborou Adriana Wilner

Quem assistiu ao desenho Wall-E, ganhador do último Oscar de melhor animação, viu uma história que se passa no ano de 2700, com a Terra atulhada de lixo, a ponto de a população ser obrigada a se mudar para uma nave espacial. Wall-E é um robozinho de uma grande corporação programado para compactar e empilhar os restos. As pilhas de entulho são maiores do que os arranha-céus e ele faz um trabalho sem fim. O cenário é exagerado, claro, mas o problema abordado pelo longa da Disney/Pixar é real. A diferença para o que ocorre de fato, porém, está na solução. O grande negócio não está em empilhar ou guardar as sobras, mas em reutilizá-las.
Estima-se que cerca de 1 bilhão de toneladas de lixo sejam produzidas no mundo por ano. Projeções do pesquisador Nickolas Themelis, da Universidade de Columbia, mostram que esse montante dobrará até 2030. No Brasil, pelos cálculos do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, o lixo gerado hoje permitiria cobrir uma estrada de 500 quilômetros de extensão, com pistas de ida e volta, formando um pavimento de 11 centímetros de altura.
Muitos detritos que ocupam espaço nos lixões não deveriam estar ali, porque seus componentes podem ser reaproveitados em diversas cadeias produtivas e muitas vezes contêm elementos tóxicos, que precisam ser tratados. Estudo do Greenpeace calcula que 5% do total do lixo mundial, o equivalente a 50 milhões de toneladas, é composto de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos usados, como computadores, impressoras, celulares e geladeiras. São equipamentos ricos em plástico, ferro, vidro, cobre e outras matérias-primas que degradam o meio ambiente e têm valor comercial. O descarte responsável do lixo eletrônico já é lei em vários países. Na Europa e no Japão, por exemplo, os fabricantes são obrigados a arcar com os custos de coleta dos produtos usados e seu adequado descarte. No Brasil, o tema ainda se arrasta. Uma lei sobre resíduos sólidos, que inclui o lixo eletrônico, está em discussão no Congresso Nacional há cerca de 20 anos. A inércia tem gerado ações isoladas, como a do estado de São Paulo. Em julho, entrou em vigor uma lei que obriga as empresas que fabricam, importam ou comercializam produtos eletrônicos a reciclar ou reutilizar parcialmente as matérias-primas. As penalidades vão de uma simples advertência até multa diária de R$ 14 mil.
Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT91430-16642,00.html

terça-feira, 3 de julho de 2012

Empresa faz agendamento para recolher lixo eletrônico

Consumidores, comerciantes e indústria são responsáveis pelos resíduos.
Cooperativa em SP também recolhe computadores e celulares.
Jogar fora aparelhos de celular e eletroeletrônicos tem sido um problema dos dias atuais. Um empresário de São Paulo teve a ideia de recolher em casa os equipamentos descartados. Segundo Paulino Andrade, quase 800 quilos de lixo eletrônico chegam à sua empresa todos os dias. Os aparelhos são desmontados e vendidos para outras empresas.
O comerciante Rafael Magalhães é uma das pessoas que agendou horário para entregar um computador e uma impressora que não usa mais. “O lixeiro não pega e não sabe o que fazer. Você fica com isso em casa, acumulando”, diz.
Todos os dias, a empresa de Andrade tem coleta programada. "O cidadão tem consciência, mas não tinha como descartar os materiais”, explica.
Calcula-se que os brasileiros trocam de computador a cada cinco anos, que também é o tempo de uso das impressoras. Muitas vezes, é mais caro trocar o cartucho que comprar uma nova, assim como trocar o celular. Em pouco tempo, uma montanha de lixo eletrônico se acumula em casa.
A cooperativa Coopermiti enxergou essa necessidade e se especializou em lixo eletrônico, recebendo cerca de 35 toneladas por mês. O que alguém jogou fora é o sustento de 23 cooperados, que desmontam e vendem partes dos produtos.
Muita coisa é trazida direto para o galpão, que fica na Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Quando a doação é de mais de 200 quilos, a cooperativa busca os eletrônicos, e emite até um certificado, comprovando que a pessoa ou a empresa deu destinação adequada a esses materiais.
“O plástico volta para a indústria plástica, o ferro para o ferro, a placa para a placa, o cobre, e assim por diante, e todo esse material volta para empresas parceiras”, explica a cooperada Cintia de Castro Ferreira Pereira.
Política Nacional de Resíduos Sólidos
Todos, consumidores, comerciantes e indústria, são responsáveis pelos resíduos, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Além de eletroeletrônicos, outros setores devem se organizar para dar uma destinação correta aos materiais - cada segmento tem um cronograma.
Em fevereiro, quatro setores (óleo lubrificante, higiene e limpeza, pilhas e baterias e agrotóxicos) fecharam um acordo com o governo de São Paulo para dar o destino correto aos resíduos. Nesta terça-feira (5), durante o Seminário São Paulo mais limpa, o governador Geraldo Alckmin disse que a prioridade é estabelecer regras para resíduos que oferecem risco ao meio ambiente.
“Dar o destino adequado, com mais quatro convênios importantes com o setor produtivo para o pós-consumo: celulares, óleo combustível, óleo comestível e pneu”, disse Alckmin.

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-paulo-mais-limpa/noticia/2012/06/empresa-faz-agendamento-para-recolher-lixo-eletronico.html